segunda-feira, 17 de agosto de 2009

quarta-feira, 12 de agosto de 2009

Os "do bem" e os "do mal"

Quando meu filho começou a sair do mundo seguro dos desenhos infantis para o dos filmes e desenhos de "crianças maiores", sua maior preocupação era identificar os "do bem" e os "do mal". Fazia isso sem nenhum preconceito em favor dos "do bem" ou contrário aos "do mal". Até porque, em sua opnião de criança, sempre foi melhor ser o Capitão Gancho do que Peter Pan nas suas brincadeiras.

O desejo dele era apenas no sentido de dar ordem ao mundo e mais particularmente à sua brincadeira. Na cabeça dele as tramas sempre contrapunham esses os dois grupamentos: os "do bem" e os "do mal"; e essa ordem assegurava a dinâmica da brincadeira, pois enquanto os "do bem" estavam sempre limitados em suas ações por aquilo que convencionamos a chamar de ética e moral; aos "do mal" tudo era permitido, até mesmo se passar de bonzinho para depois sair vitorioso.

Agora, imaginem só como foi difícil para ele entender como Anakin Skywalker, aquele garotinho todo gente boa e prestativo do filme Ameaça Fantasma, poderia ser a mesma pessoa, que perseguiu e matou seus próprios aprendizes e colegas em A Vingança dos Siths. Foi dureza!

Os anos de PT no poder, para muitos (inclusive a mim), significaram o mesmo que a transmutação do mestre Jedi em Lord Sith representou para o meu menino: o fim da ilusão romântica que na vida existem heróis e bandidos, com lados, papeis e diálogos bem definidos. Diferente do que os anos de ditadura nos iludiram a crer, a alternância democrática no poder nos mostrou que os "do bem" e os "do mal" na política (e por que não dizer na sociedade) não são grupos que se dividem por cores ou bandeiras. Ao contrário, o exercício do poder é mesmo um dinâmico jogo de empurra, onde mocinhos e bandidos se consubstanciam em um tipo só: os cínicos no poder e os cínicos na oposição.

No senado, ontem, o PSDB decidiu recuar, diminuindo o tom dos ataques ao senador José Sarney, numa tentativa de evitar a abertura de processo contra seu líder, Arthur Virgílio, por quebra de decoro parlamentar. Ontem até o colérico senador tucano Tasso Jereissati fez um discurso considerado pelo governo “excessivamente apaziguador”, desculpando-se pela troca de insultos com o líder do PMDB, Renan Calheiros.

Pois bem, meus amigos não se iludam, nada de procurar heróis de capa e espada por aí. E que a Força esteja com vocês.