domingo, 17 de junho de 2007

Quando a prenda não importa.

O mês de Junho é tempo de festas juninas. Escolas, clubes, associações, igrejas, quadras e famílias organizam centenas de festas de arraiais, Brasil afora. Algumas buscam inovar, mas por mais que tente não há muitas maneiras de fugir do trio música, comida e jogos.

Jogos são o grande atrativo para os pequenos, que se dispõem a enfrentar, por vezes, longas filas para jogar argolas em pinos coloridos, atirar bolas na boca de uma boneca afro-brasileira supostamente vítima de algum distúrbio mental (veja bem o esforço para ser politicamente correto), fisgar peixes de papel parcialmente enterrados em bancos de areia. E cabe a nós, pais e mães, acompanhá-los, incentivá-los e independente de se solicitados dar algumas preciosas dicas de como focar em boas prendas.

Ah, obviamente existem as prendas, estímulos eficientes para atrair a meninada: bolas, bonecas, carrinhos e toda sorte de objetos que dificilmente resistem ao tranco infantil até as férias de Julho, mas que viram objeto de fetiche durante as tais festas juninas. Como não desejar conquistar a melhor prenda e levá-la para casa?

Ontem fui com meu filho em uma dessas festas. Por motivos familiares somente chegamos no arraial faltando poucas horas para o término. Assim sendo, quase todas as prendas já tinham sido conquistadas. Foi aí que fui surpreendido com o comportamento de algumas crianças, incluindo aí meu filho. Ao invés da reclamação habitual ou do estreito bico de insatisfação, muitas crianças se concentraram na frente das barraquinhas de jogos dispostos a testar sua perícia apenas pelo prazer de acertar argolas em pinos coloridos, atirar bolas na boca da boneca afro-brasileira supostamente vítima de algum distúrbio mental e fisgar peixes de papel parcialmente enterrados em bancos de areia. Sem a pretensão de ganhar nada em troca, a não ser a satisfação de jogar, de participar, de se divertir.

Como já não havia prendas, não estava sendo cobrado nenhum tostão para participar e também não havia mais ninguém a controlar a fila ou organizar tempo e alternância das crianças. Que confusão, você poderia estar pensando. Mas não foi nada disso. As próprias crianças e alguns pais organizavam minimamente as brincadeiras e não vi nada que desabonasse aquela voluntariosa capacidade organizativa.

Afinal de contas, as crianças ontem me fizeram lembrar que as prendas não fazem tanta diferença assim. Não seria interessante uma festa junina no Congresso Nacional com essas crianças?

PS.: A imagem deste post é uma repordução da obra de Alfredo Volpi

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