terça-feira, 9 de outubro de 2007

Tem uma festa legal, a gente quer se divertir...


Botei pilha na esposa e ela topou ir à festa “A Volta aos Anos 80” com o propósito de reviver por algumas horas um pouco daquele longicuo tempo. Idéia, provavelmente, compartilhada pelas tantas mil pessoas que lotaram o salão da AABB.

“A vida até parece uma festa
Em certas horas isso é o que nos resta
Não se esquece o preço que ela cobra
Em certas horas isso é que nos sobra,”

A primeira providência tomada foi comprar uma camiseta para um revival das minhas vestimentas de então. A intenção era comprar algo ícone dos anos 80... camisa da Company ou da Pakalolo, mas não deu e o jeito foi improvisar. Lógicamente a camisa tinha ter algo branco para dar aquele realce quando ficasse perto da luz negra. Camisa de botão, nem pensar!!!! Assim foi feito.
"Você parece preocupado, anda meio angustiado
Esqueça tudo isso e tente relaxar
Afrouxe essa gravata, senão você se mata
E a vida é muito curta pra desperdiçar."

Como a noite de sábado é noite “sem babá”, o jeito foi deixar filho na casa da cunhada. Idéia que ele adorou, afinal na casa da Tia a regra é não ter muita regra e o videogame rola solto até altas horas. O problema mesmo foi chegar e sair do Lago Sul, uma vez que dois acidentes de trânsito fecharam à Ponte JK e a Ponte Costa e Silva. Conclusão o Lago Sul, em termos de acesso, voltou no tempo, não para a década de 80, mas para algum momento entre as décadas de 60 e 70.

"Um dia me pai chegou em casa, nos idos de 63
E da porta ele gritou orgulhoso,
Eu vou ser o maior,
comprei um Simca Chambord"


Entregue o menino, chega a hora de ir à festa. Assim mesmo, direto e reto, sem esquentes ou concentrações. Algo muito pouco provável na outrora época de constantes baladas. A pista de acesso ao clube estava uma confusão, mas por causa de providencial errada de caminho acabei indo pelo contrafluxo do trânsito e estacionei fácil em um lugar mais ou menos perto.

“Eu me perdi na selva de pedra
Eu me perdi, eu me perdi.”


Entrada tranquila, alguns cambistas, um monte de gente dando um tempo em frente ao portão para beber umas e outras antes de entrar na festa e enfrentar os preços abusivos decorrrentes do mercado monopolizado de dentro do clube. Quase nenhuma fila e uma revista do segurança, bem discreta. Não sei se foi a idade ou a falta de cabelos, mas me lembro que antes as revistas dos segunranças, pelo menos em mim, eram bem mais ostensivas. Vai ver eu tenha adquirido a cara de quem não oferece perigo a ninguém. Coisa da idade.

"Eu não tenho mais a cara que eu tinha,
No espelho essa cara náo é minha.
Mas é que quando eu me toquei, achei tão estranho,
A minha barba estava desse tamanho."


Dentro do clube o script previsto. Hits de Michael Jackon – ainda negro – Madona, A-HA, George Michael; clipes musicais de uma era pré-MTV e videos de velhos seriados do passado convidavam a um retorno ao tempo da Zoom no Gilberto. Uma escada próxima aos banheiros levava o vijante do tempo a um daqueles antigos shows de garagem, com uma banda anônima, com escassos recursos técnicos tocanto rock dos anos 80. Não sei se de propósito ou se por falta de talento mesmo, os caras eram típicamente anos 80, isto é, meio tosco.

"Tudo errado mas tudo bem
Tudo quase sempre como eu sempre quis"


Como não podia faltar rolou música lenta. Dancei e bejei e depois paguei um guaraná... estamos namorando – há 7 anos. O maior barato é que se de fato isto tivesse ocorrido na década de 80, eu seria Eduardo e ela seria Mônica. Fico pensando em quantas vezes cantei, cantarolei e toquei essa mesma música sem nunca perceber seu recado profético. A gente tem que ficar mais atento aos profetas do rock nacional.

"Ela falava coisas sobre o planalto central, também
magia e meditação
E o Eduardo ainda estava no esquema
escola-cinema-clube-televisão"

Depois de uma breve aparição do Fofão, ele mesmo, aquele “extraterrestre, amigo da Simoni que viajavam em um balão mágico, em uma clara apologia ao uso de narcóticos, foi anunciado o Show da Peble Rude. Foi muito legal, fiquei bem na frente, pertinho de onde quase rolou uma briga – tipicamente anos 80!!! O som estava altíssimo e distorcido. Fazia pelo menos uma década que não amanhecia com aquele zumbido nos ouvidos. Como será que minha audição conseguiu sobreviver à minha adolescência?

A festa foi encaminhando para seu final, pelo menos para mim, mas uma coisa me deixou bastante intrigado. Tirando minha mulher e uma amiga que me vendeu os ingressos, no meio de tantas mil pessoas eu não conseguia reconhecer nenhum outro rosto. Caramba, cadê as pessoas que eu conhecia? Estariam em casa velando seus filhos? Teriam ido ao show do Belo? Teriam mudado de cidade? Meus amigos, onde estão?

"Se lembra quando a gente chegou um dia a acreditar
Que tudo era p'rá sempre
Sem saber, que o p'rá sempre sempre acaba?"


Fim de festa. Na Zoom eu bebia Fanta de máquina, uhhhhh! Resolvi terminar por aí a viagem no tempo e não arriscar. Bebi água. Saindo notei no ouvido um zumbido contínuo, nos pés ums mistura de dor, água, cerveja e poeira tudo igual ao passado... mas a viagem acabou por aí, ao lado a namorada ia dormir comigo em casa, na mesma cama, sem meus pais se incomodarem, meu pai não veio de Fiat 147 me buscar, ninguém veio me buscar, era eu mesmo que ia dirigindo para casa...

"Essa vida é jogo rápido para mim ou prá você
Mais um ano que se passa e eu não sei o que fazer
Juventude se abraça, se une pra esquecer
Um feliz aniversário para mim ou pra você!"

5 comentários:

Anônimo disse...

Pois é, chegado. As festas dos anos 80, não são feitas para pessoas dos anos 80. É o mesmo conceito da Disneylândia. Vc vai pra disney e lá tem uma rua que imita Paris, outra que imita Roma, um canalzinho para dizer que esta em Veneza, mas lá no fundo vc sabe que não esta em nenhum desses lugares. É uma festa temática. Lembre do velho Marx, na primeira vez a história ocorre como tragédia, na segunda como farsa.

Anônimo disse...

Poxa Nego nem pra chamar a irmã... hj em dia não temos mais diferença de idade que nos impedia de irmos juntos aos shows, bjs.

Anônimo disse...

Nêgo faltou uma peça fundamental do ser rivaval...a sua irmã que sempre dava birra para ir as matinês com vc! Bons tempos...

Fabiano Lima disse...

Gente a fraternidade não é linda!!!
O tempo passa, o tempo voa, e as minhas irmãs continuam gente boa....

Anônimo disse...

Gente, meu marido esqueceu de mencionar que eles projetaram imagens de alguns símbolos dos anos 80 nos telões - o Gênios,
as figurinhas "Amar é", a capa do disco da Blitz, a chamada da Armação Ilimitada, e um dos meus favoritos - aqueles cigarrinhos de chocolate onde na caixa se via uma criança afrodescendente fazendo de conta que fumava... totalmente politicamente incorrento - coisa do século passado... rs..rs...rs...