segunda-feira, 28 de dezembro de 2009

Paciência Drumond, a gente chega lá.



A partir de hoje, a estátua de bronze do escritor Carlos Drummond de Andrade, instalada na orla da praia de Copacabana, passará a ser monitorada 24 horas por câmeras da CET-Rio. O objetivo é tentar impedir ou ao menos flagrar atos de vandalismo que se tornaram recorrentes. Desde 2007, a estátua do poeta foi vitimada 8 vezes por atos de vandalismo.

Vamos esperar que em 2010, nós, o povo brasileiro, consigamos demonstrar mais educação e urbanismo.


Também já fui brasileiro
Carlos Drumond de Andrade

Eu também já fui brasileiro
moreno como vocês.
Ponteei viola, guiei forde
e aprendi na mesa dos bares
que o nacionalismo é uma virtude.
Mas há uma hora em que os bares se fecham
e todas as virtudes se negam.

Eu também já fui poeta.
Bastava olhar para mulher,
pensava logo nas estrelas
e outros substantivos celestes.
Mas eram tantas, o céu tamanho,
minha poesia perturbou-se.

Eu também já tive meu ritmo.
Fazia isso, dizia aquilo.
E meus amigos me queriam,
meus inimigos me odiavam.
Eu irônico deslizavasatisfeito de ter meu ritmo.
Mas acabei confundindo tudo.
Hoje não deslizo mais não,
não sou irônico mais não,
não tenho ritmo mais não.

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