quarta-feira, 12 de março de 2008

UnB


Lá em casa somos três pessoas, dos quais dois são blogeiros (por enquanto). Em uma ocasião, minha mulher escreveu sobre a sua ilusão e decepção com a UnB (nossa universidade). Agora, graças à decoração do apartamento do reitor, a UnB está nas manchetes dos jornais resolvi publicar o meu comentário sobre a universidade em que vivi.

A minha UnB foi diferente daquela da Dona Encrenca. É claro que quando entrei estava exaltado. Quem não estaria depois de acordar às 5:45 por três anos e perceber que poderia fazê-lo, a partir de então, às 7:50 e que ainda chegaria antes do professor (pelo menos com uns 30 minutos de folga).

Sou de uma UnB de festinhas à noite dentro do campus. Daquelas com som de CA tocando Raul, com um pessoal que mais parecia saídos de um túnel do tempo diretamente de Woodstock ou outro canto dos anos 60. Festinhas sem pretensão à nada, mas que não cobrava nada para entrar e sempre dava para sair do zero-a-zero.

Sou de uma UnB, sem papel no banheiro e, por muitas vezes, sem banheiro. Não comi no bandejão, não nadei no CO. Como o meu departamento furava as greves sempre, sou de uma UnB meia lotação.

Sou de uma UnB de bons professores, mas poucos que lecionavam para os pobres graduandos. Muitos eram apenas nomes sem rosto em uma lista no Departamento. para vê-los era preciso circular em Ministérios, em Gabinetes e em alguns congresso. Sou de uma UnB de professores substitutos.

As greve são um capítulo a parte. Lembro-me de que uma das primeiras providências a cada semestre era correr para a BCE para pegar o máximo de livros possível. A intenção não era lê-los todos o mais breve possível, mas se precaver contra as greves dos funcionários e a conseqüente falta de material para as vésperas de provas.

Mas nem por isso quero que pensem que meus anos de UnB foram amargos ou se passaram em branco. Em meio às adversidades, vivi, brinquei, sorri, chorei, cai e aprendi a levantar com os poucos, mas bons, professores e com os muitos amigos que fiz naqueles quase 7 anos (graduação e mestrado, não pensem mal de mim). Ao cabo, foram naqueles anos em que fiz grandes amigos e me tornei mais um pouco gente; e mesmo que estudar na UnB nunca tenha sido o meu sonho de infância, foi muito bom.

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