quarta-feira, 12 de setembro de 2007

Agente secreto, sessão secreta


Manda a Constituição que seja secreto o voto para cassar ou absolver senador ou deputado. Mas é o Regimento Interno do Senado Federal que manda que a sessão também seja secreta. Na Câmara dos Deputados, ela é pública.

O senador Tião Viana (PT-AC), vice-presidente do Senado, proibiu que seus pares usem gravadores, lap-tops e celulares durante a sessão de hoje que decidirá o futuro do mandato do senador e presidente do Senado Federal, Renan Calheiros (PMDB-AL). Além disso, foi tomado o cuidado para que o sistema de som do plenário seja também desligado, fazendo com que os senadores se lembrem dos tempos do senado romano e se virem no gogó. Com esta medidas, pretende-se fazer cumprir o Regimento Interno e evitar o vazamento de informações sobre a votação, como já ocorrido no caso do ex-senador Luiz Estevão.

O senador Cristovam declarou que irá desobedecer esta determinação e manterá o celular ligado durante a sessão. Tal como um agente secreto, o senador pretende informar o andamento da sessão no calor dos acontecimentos. Será um tipo de agente secreto, infiltrado na sessão secreta repassando aos mocinhos (isto é, nós) os passos dos bandidos (isto é, eles). Posso até imaginar a trilha sonora de "Missão Impossível" ao fundo, o que não consigo é imaginar Tom Cruise no papel de Cristovam, em uma hipotética versão cinematográfica.

Quanto a possibilidade de ser cassado por quebra de decoro, Cristovam declarou que "nesse caso eu sequer me defenderei. E espero ser julgado em sessão aberta".

Mantendo a sua palavra, Cristovam reconquistará, pelo menos, o meu voto. Se é que isto vale alguma coisa.

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