terça-feira, 3 de abril de 2007

Combinou está combinado


Para os ainda não iniciados, a pedagogia aplicada, hoje em dia, nas escolas valoriza, sobremaneira, o processo de combinado na educação das crianças e adolescentes. Em suma, rogam os especialistas que ao ter suas demandas submetidas a um processo de negociação, as novas gerações aprendem a argumentar seus pontos de vistas, a fazer concessões e a respeitar o resultado como sendo o coletivamente possível e melhor para todas as partes. Desde modo esperasse educar cidadãos mais participativos, questionadores, responsáveis e defensores dos acordos sociais que nos permitem compartilhar ruas, escolas, praças, prédios, campos; enfim isto que chamamos civilização. Porém, para que tudo isto de fato ocorro os pilares fundamentais de todo o processo são: o respeito ao combinado e a capacidade dos pactuantes em cumprir o acordado. Isto é, quem combina algo tem que ter gerência ou posse sobre os termos do acordo. Por exemplo, se você combinou com o seu filho em permitir que ele ande no ponêi do circo, você tem que ter condições de influenciar o dono do circo em permitir seu filho a montar no quadrupede ou ser você próprio o dono do circo Por respeito ao combinado entende-se que aquilo que se combina tem que ser respeitado. Não vale voltar atrás unilateralmente. Combinou está combinado. Quer voltar atrás?!? Então, tem que combinar de novo.

O dicionário Houaiss, em sua versão on-line, defini combinado como o que foi agrupado, unido; objeto de combinação, pacto, acordado, acertado; que foi resultado de planejamento, delineado; que apresenta em harmonia, harmonizado, consoante, ajustado. OK, fiquemos por aqui.

Agora me respondam se puderem: que acordo foi esse que o Ministro Paulo Bernardo fez com os controladores de tráfego aéreo na última sexta-feira? Primeiro, ele não tinha gerência nem tem a posse dos termos do acordo. Quem controla os controladores aéreos é o Comando da Força Aérea Brasileira, por sua vez sob o comando do Ministério da Defesa. Depois, convenhamos que o combinado do Ministro foi tudo menos harmonizado, acertado ou planejado, e olha que ele é Ministro de Estado de Planejamento, mas isto é assunto para outro dia. Agora, que o acordo repercutiu meio mal entre os militares e na mídia, quer voltar atrás disdizendo o que disse, ou melhor, dizendo que nunca vez combinado nenhum. Conclusão, após mais um final de semana de caos nos aeroportos chegamos onde estávamos a seis meses: sem saber se o aeroporto é apenas o local que vamos para viajar ou se a viagem é só ir ao aeroporto.

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